1822
Depois da colonização, D. João VI retorna para Portugal e deixa o Brasil aos cuidados de seu filho D. Pedro como príncipe regente, responsável por comandar um país que tinha tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. O medo de uma rebelião dos cativos assombrava a minoria branca como um pesadelo. Os analfabetos somavam 99% da população. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas colônias espanholas vizinhas. Para piorar a situação, ao voltar a Portugal, o rei D João VI, havia raspado os cofres nacionais. O novo país nascia falido. Faltavam dinheiro, soldados, navios, armas ou munições para sustentar uma guerra contra os portugueses, que se prenunciava longa e sangrenta.
O Brasil de hoje deve sua existência à capacidade de vencer obstáculos que pareciam insuperáveis em 1822. E isso, por si só, é uma enorme vitória, mas de modo algum significa que os problemas foram resolvidos. Ao contrário. A Independência foi apenas o primeiro passo de um caminho que se revelaria difícil, longo e turbulento nos dois séculos seguintes. As dúvidas a respeito da viabilidade do Brasil como nação coesa e soberana, capaz de somar os esforços e o talento de todos os seus habitantes, aproveitar suas riquezas naturais e pavimentar seu futuro persistiram ainda muito tempo depois da Independência. Muitas idéias inovadoras surgiram para organizar e governar a sociedade brasileira, mas a maioria delas não saíram dos papéis.
É curioso observar como todo o cenário da Independência brasileira foi construído pelos portugueses, justamente aqueles que mais tinham a perder com a autonomia da colônia. O Grito do Ipiranga foi consequência direta da fuga da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. Ao transformar o Brasil de forma profunda e acelerada nos treze anos seguintes, D. João tornou a separação inevitável. Ao contrário do que se imagina, porém, a ruptura resultou menos vontade dos brasileiros do que divergências entre os próprios portugueses. a Independência foi produto de “uma guerra civil entre portugueses”, desencadeada na Revolução Liberal do Porto de 1820 e cuja motivação teriam sido os ressentimentos acumulados na antiga metrópole pelas decisões favoráveis ao Brasil adotadas por D. João.
D. Pedro declarou a Independência aos 23 anos. Era um romântico insaciável e segundo o autor, ele teria tido diversos casos e consequentemente diversos filhos. Traía sua esposa a Imperatriz Leopoldina sem se preocupar em esconder os casos.
Quanto ao famoso grito da Independência, geralmente retratado em pinturas e monumentos com D. Pedro montado em seu cavalo, brandindo sua espada... Nada disso aconteceu. Há documentos citados neste livro, como diários de membros da comitiva que acompanhava o príncipe em suas jornadas politicas, relatando como realmente aconteceu o famoso "grito" da independência. D. Pedro montava um burrico e não um cavalo. Todas as suas jornadas eram feitas em burros, por isso a demora para percorrer as cidades e atravessar províncias. A guarda de honra era formada por fazendeiros, cavaleiros e pessoas comuns das cidades do Vale do Paraíba, por onde o príncipe passara alguns dias antes a caminho de São Paulo. D. Pedro estava com dor de barriga devido a algum alimento estragado que havia comido no litoral paulista. E ele não gritou, apenas comunicou a sua guarda que á partir daquele momento o Brasil era um país livre de Portugal. Não houve pompas como nos quadros vistos nas exposições.
Um livro cheio de curiosidades sobre a história do nosso país, histórias essas que muitas vezes não nos ensinam nas escolas, pelo menos não como deveriam. Uma leitura agradável que nos permite um conhecimento de como nascemos como Nação!
Autor: Laurentino Gomes
Editora: Ediouro
Categoria: Geografia e História / História do Brasil
Páginas: 328
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